“Alexa, me conecta com muita gente importante.”
Tá aí uma das poucas coisas que eu acredito seriamente que ela NUNCA será capaz de fazer por nós: o NETWORKING (com caixa alta).
Talvez ela saia disparando um monte de pedido de conexão no Face, no Insta, no Linkedin. É provável que seja inclusive um pedido “algoritmizado” pra chegar em quem também clicou no mesmo anúncio que você, ouviu o mesmo podcast, ou pediu no mesmo supermercado. É até possível que aconteça o “match perfeito” com 2.000 pessoas (eu ainda não acredito). O que eu acho que não vai acontecer é você terceirizar a capacidade de fazer as pessoas confiarem em você.
Confiança é tão individual, na minha opinião, que se a Alexa fizer isso por você, é mais fácil que confiem nela, e não em você. E como você gera confiança? De uma maneira bem simples, você entende os critérios, os valores, as motivações da outra pessoa, você demonstra a sua intenção, fazendo uma “promessa”, ou melhor, criando um referencial de percepção de quem é você e o que realizará, e em seguida realiza o prometido. Mais fácil ainda de entender: verdadeira confiança é adquirida quando alguém tem uma expectativa sobre você, e você a cumpre ou supera.
Além disso, como eu costumo falar, NETWORKING com caixa alta, assim como a felicidade, é um processo, e de médio prazo, no mínimo. Contato é imediato, conexão também, no contexto “midiassocialístico”, NETWORKING é um processo. Não só de criar conexões, mas de nutrir, manter, por anos. De ser pra muitas pessoas uma pessoal normal, nenhum semideus, mas uma pessoa pra cujo SUCESSO vale a pena torcer.
Trazendo a distinção dos comportamentos “taker, giver e matcher” (Adam Grant), nem o Tomador (taker) é um cara mau, nem o Doador (giver) é um santo, nem o Compensador (matcher) fede ou cheira. A diferença entre os comportamentos é que o Tomador prioriza o individual, pois se ele não faz por si, quem vai fazê-lo? Pro Doador, o coletivo vem primeiro, porque se ele pertence a um grupo saudável, ele também se sente saudável. E o Compensador no meio, com altos valores de Justiça, o cara do “toma-lá-dá-cá”, devolve/espera tudo na mesma moeda (a maioria absoluta das pessoas adotam esse comportamento).
Destes três, o que se ferra em Networking é também o que se dá melhor: o DOADOR. Uma dessas revelações provavelmente era óbvia pra você. Então eu vou contar o que MAIS distingue os Doadores dos outros dois grupos. Os Doadores são pessoas que todos vêem como generosos. São pessoas que se esforçam pra entregar aos outros algo de si, genuinamente interessados no bem coletivo, e não esperam, de verdade, um retorno imediato ou direto a nenhuma de suas ações. Ressalto aqui que este é um comportamento, passível de ser adotado por qualquer pessoa.
Mas o mais curioso é o que difere o Doador de fracasso, o menos bem-relacionado, do Doador de sucesso, o verdadeiro “networker”, de quem todos querem ser amigos, se aproximar.
O Doador de fracasso é um “altruísta”, e se doa aos outros mais que a si. Ele se sabota ou se sacrifica pra fazer pros outros o que não faz pra si mesmo. Não sabe dizer “não”. Está sempre sobrecarregado de tarefas, e com o tempo, vê as doações como um fardo, uma obrigação, algo danoso que não consegue parar de fazer, por culpa, ou medo de perder o reconhecimento.
O Doador de sucesso, por sua vez, é um ALTERISTA. Sempre pensa no coletivo primeiro, dá muito mais que recebe. Porém, ele define bem como quer se doar. Faz isso ao menor custo pessoal possível, sem ultrapassar seus próprios limites, inclusive de energia e tempo.
Pra ele, a doação pode ser um “favor de 5 minutos” (Grant, de novo), como dar um feedback honesto a quem precisa, apresentar duas pessoas com alto potencial de precisarem um do outro, pessoal ou profissionalmente. Eu incluo na lista indicar o trabalho de alguém que não sabe mostrá-lo tão bem, indicar algum serviço útil pra alguém que está precisando (um empreendedor, ou pais de primeira viagem) ou um item de interesse já declarado que entrou em promoção por pouco tempo.
Eu acredito, de verdade, que por aí temos espalhados milhões de “favores de 5 minutos” personalizados, daqueles que nem eu nem a Alexa poderíamos fazer pros outros no seu lugar. Algumas habilidades e experiências, sem falar no interesse pessoal, são suas, e podem gerar as ações que, além de fazer de você uma pessoa de confiança, vão te proporcionar um dos MAIORES pequenos prazeres da vida, que é o de ajudar um novo amigo.
Eu tenho uma meta pessoal, que eu cumpro sem me esforçar. Nasci assim, meio maluco, altruísta-recém-alterista, e todo dia contabilizo de cabeça pelo menos dois favores de 5 minutos, antes mesmo de saber que se chamava assim.
Fico aqui cruzando os dedos pra que este texto também te inspire a descobrir o enorme prazer em cumprir a sua própria nova meta.
“Alexa, pede pra essa pessoa escrever um comentário aqui embaixo sobre algo que a impactou nesse texto?”